ainda lembro.

“Quanto tempo dura uma emoção? Melhor: por quanto tempo a emoção de um momento pode ficar guardada dentro de nós? Será que durante toda a vida carregaremos os ecos de sensações que determinadas situações nos fizeram sentir? Se sim, seremos sempre passíveis de em certos instantes, sem muito aviso — às vezes apenas um gesto ou um cheiro —, sermos acometidos por elas novamente? [...]

Nesta vida o que não falta é motivos para nos comovermos. Seja por conta de tristezas ou de fragmentárias alegrias. Quem sente sabe: a alma às vezes cansa e não há tempo para se refazer. A vida é agora, agora e agora e agora... E amanhã, por mais filho de hoje que seja, pode não guardar nem um laço de parentesco [...]

E tudo vai passando. Só nos resta sentir muito. Sentir bem. Porque ao que parece, é só o que fica. E num certo dia, desavisadamente, um livro, ou um filme, ou uma foto, ou um gesto, ou um cheiro vai nos fazer lembrar. “

Filipe Bezerra – Memória emotiva.

hum,

dia desses li este conto escrito por um amigo referindo-se ao fato de quando o mesmo estava vendo o filme "dançando no escuro", me emocionei bastante com as palavras e os sentimentos ali colocados, a fotografia de pequenos detalhes relatados naquelas frases me fizeram notar com estranheza os mesmos sentimentos de quando assisti ao filme. Eh como se eu tivesse uma memória auxiliar, e ao ler o texto eu tivesse ali vendo o filme novamente, cada angustia ao lembrar das cenas, as mesmas duvidas, enfim... os mesmos sentidos.

e estou aqui hoje lembrando deste dia, pois ontem ao chegar da faculdade, cansado, sem vontade nem de jantar antes de ir deitar... resolvi assistir "piaf", um dos filmes que mais escutei comentários nos últimos dias, e mesmo o cansaço não fez com que eu perdesse a curiosidade. e por mais que eu quisesse assisti-lo com calma, com tranquilidade, com os pensamentos aliviados... a sensação de ter o dvd ali perto e não ter que assisti-lo, era muito desconfortável. bom, meia noite... acabou o filme, casa silenciosa, escura... e os sentidos no auge. e queria abraçar alguém naquele momento e conseguir conversar sobre o filme, sobre os sentimentos ali expostos, relatar o que eu estava sentindo... mas, infelizmente, além de estar sozinho, palavrear sentimentos não é um dom que me cabe... infelizmente. e eu queria o Filipe [zusé] ali, pois eu acredito que ele ia sentir o mesmo que eu. nada tão intenso quanto ao assistir “dançando no escuro” porem não menos verdadeiro e lindo. mas o imaginei, e fiquei feliz por saber que ele é meu amigo, que ele "sente" muita coisa igual a mim, e por saber escrever esses sentimentos.

e seria uma maravilha eternizar cada momento desse em palavras. principalmente se as mesmas nos fizerem transferir os sentidos para o momento relatado.

por quanto tempo a emoção de um momento pode ficar guardada dentro de nós? bem, acredito que isso depende de cada um... mas em se tratando de mim. elas duram. e por mais que eu as deixe de lado por um tempo, elas retornam... as vezes me tirando sorrisos, noutras lágrimas. mas sempre sentindo.