jeudi 3 avril 2008

aquário

então, tudo volta ao ponto de partida. mais uma volta no aquário.

e parece que essa minha rotina de ser, esse de hoje. se faz sempre. e as mudanças tardam! e fico aqui, lembrando tempos...

e essa repetição de pequenas besteiras que estão me fazendo enrijecer e se tornando cada vez mais constantes, estão também cada vez mais sofridas. parece mais uma derrota consecutiva e me sinto cada dia mais diferente de todo mundo. e isso machuca.

lembrei agora de um dos melhores filmes que ja assisti:

o filme irlandês Goldfish Memory
(em português, Todas as Cores do Amor).
e esse título tem um motivo, pois um dos personagens do mesmo explica que a memória do peixinho dourado dura apenas três segundos, por isso, depois de dar uma pequena volta no aquário, tudo será novo. o mesmo se dá com os personagens ao longo da trama, que se encantam e se desencantam em uma rapidez espantosa, terminando uma relação e, imediatamente, dando início à próxima, sempre com o intuito de viver ao máximo cada uma delas. mostrando também o encontro e desencontro de momentos de cada personagem... pois há os que querem viver, e os que querem `viver` se eh que me entendem...

e nesse universo onde nada é proibido, em que se deve dizer “sim para a vida, sim para o amor, sim para o prazer”, qualquer demonstração de apego se torna estranha, anormal e até intimidadora. a hipocrisia desse sistema é que existem regras muito claras, tais como nunca levar nada muito a sério, não pensar demais, não racionalizar, não fazer isso, não fazer aquilo, não, não, não – que se choca com a ideia de liberdade do sim. e há diferenças cruciais nessa diferença de liberdades.

eu? já não sou um peixinho dourado há tempos. tenho uma memória de golfinho, especialmente para fatos. lembro com precisão cada palavra, ação, gesto, sorrisos. descrevo tudo com minúcia, se for preciso. sendo assim, fica difícil manter o frescor de quem não se lembra de nada. seria mais fácil ser como os peixinhos dourados que, para cada vez que se encontram, é como se fosse a primeira vez.

não julgando os peixinhos dourados, cada um no seu momento, e nem afirmando que todos se cravam ao fato de não se apegarem, estou generalizando. o que me deixa realmente pensativo e porque não um pouco triste, hoje, eh saber que eu tinha tantos sorrisos ainda por descobrir. mas, quem venham os ventos, as noites, as pessoas e principalmente as chuvas... e me dêem oportunidades para descobrir outras magicas, novos mundos... e redescobrir a magia de notar detalhes em alguém, em algo ou em uma situação. e isso, eu quero sempre.


2 commentaires:

Stranger in the world a dit…

eu vi o peixinho...engracado como sem o conhecer eu o achava futil,vazio...
hoje eu acho o peixinho fundamental! porque ele e assim mesmo, nao se lembra de nada, ou se lembra prefere esquecer para sempre sorrir ou nao...

acho que eu sou o aquario, ja vi tantos peixinhos, mas nunca troquei minha agua e assim alguns peixinhos novos nao encontram oxigenio aqui e o que fazem?

alguns pediram pra eu renovar a agua...outros simplesmente pularam para outros aquarios!

nao sei dizer o quanto sou feliz por lembrar de todos os peixinhos que aqui passaram ou se isso me faz refletir demais e acabar nao vivendo a emocao de ver um novo peixinho entrando em mim...

sei que vou ser sempre aquario e isso me completa!

e voce, aquariano, ja trocou sua agua?

:******

Bradoria Design a dit…

o 1o. comentario arrasou!!!
Mas são tantas coisas pra falar...
que eu queria mesmo era sentar num bar, pegar uma boa "vuooodxica" e lançar a pauta pra discursão...

Amigo, liberdade é não precisar escolher, nem sim, nem não, pq o tempo se encarrega de fazê-lo. Conta o tempo entre uma alegria e uma tristeza? ráppido, né? Somos ansiosos, imediatos, angustiados e sofridos incansaveis na busca do perfeito (o NOSSO perfeito). Tudo tem sua hora... hora de ser peixinho, hora de ser golfinho, hora de ser tubarão!!!!

Não sou psico(pata?)loga, mas acho q todo mundo deveria respeitar seu tempo no aquario...

N˜åø