Do liso ao cacheado.

15 de fevereiro de 2009, a primeira troca de olhar foi de descoberta, mas a sua voz doce carioca ja me deixou "à l'aise" no meio de um grupo de pessoas que eu estava acabando de conhecer. A primeira impressão: a garota doce, do sorriso forte e de um carioquês carregado.

Os anos se passaram e esse grupo do 15 de fevereiro foi se “desfazendo” e foram-se formando as “panelinhas” de acordo com as afinidades e amizades. Eu, por sorte, ganhei uma familia.

A moça, de até então cabelos alisados, no percorrer do ano se tornou “minha pequena”. E era a pessoa mais carinhosa que eu tinha encontrado desde a minha chegada na frança, que gostava de abraço, de dar e receber carinho, que sempre tinha uma palavra amiga e estava sempre disposta a ajudar. Essa “pequena” de 2009, no decorrer desses anos que a conheço, mudou.

De “minha pequena” se tornou “mãe” da nossa familia francesa, assumiu os cachos e com eles a personalidade forte. A descoberta da liberdade de “ser mulher” até então "caché" foi acontecendo naturalmente, parece que os cachos trouxeram junto com eles uma vontade ainda maior de saber seduzir (não que ela não a tivesse antes) e de se sentir bela. Que bom que eles vieram.

Karla Costa, então, se tornou exuberante: nas roupas, na maquiagem, nas “caras e bocas” (principalmente “bocas”), na atitude, no funck carioca, na politica, na defesa pela igualdade e pelos não clichês brasileiros. O que se sentia é que ela queria mostrar pro mundo que uma brasileira, de cachos, formes rondes, que lutou contra muito machismo e padronização de uma beleza estética comercial, estava ali: LIN-DA, com personalidade, com opniões concretas e sem medo do julgamento dos outros, pelo contrario... estava ali pra mostrar o lado bom de uma vida sem julgamentos. “Aaaahhhh, garoto” (com todo o sotaque carioca que essa frase possa ter). E isso tudo, “no salto”, sem precisar argumentar com ninguem suas condiçoes financeiras, nem o quanto se desdobrou pra poder fazer uma universidade publica e estar ali, em paris, terminando seu mestrado.

A mulher de personalidade forte nada alterou em sua doçura dos carinhos e abraços. E o sorriso à la karla, continuou à la carioca: lindo.

A essa hora, ela deve estar no avião. De volta ao Brasil. Sem destino certo à principio, mas com ele em suas mãos. Ha 4 anos esse mesmo Brasil tinha perdido uma karla-menina, hoje ele vai receber com uma certa adimiração, uma karla-mulher, que talvez, por causa dessa volta às origens possa se sentir um pouco perdida ao ter que se readaptar à uma realidade à qual ela ja não estava acostumada. Mas que mesmo “sem rumo certo”, hoje, ela sabe o que não quer e do que não gosta, o que ja é de um todo ponto pra ela. Então, meu Brasil, segura as rédeas que a “glamurosa” ta voltando.

Toda nossa estória, está encravada na alma. E estará pra sempre.

Enfim... uma nova fase, pra um re-começo.

Até já, ma belle...