Perdi meus pais, num acidente de carro.
Eu tinha mais ou menos 21 anos.
Já não morava mais com eles, sai de casa com 14 anos. Sempre fui mais “apegado” à minha mãe que à meu pai, aliás, a relação que eu tinha com ele nunca foi das melhores. Tanto é que, quando soube do acidente (por telefone), pedi com todas as minhas forças que meu pai tivesse ido e não minha mãe. Me culpei, também, com todas as minhas forças durante anos, achando que meu “pedido” teria sido tão forte e tão sincero, que ele teria se realizado... e meu pai teria encontrado horas apos, minha mãe... minha culpa.
Frustração. Injustiça. Medo. Culpa.
Hoje, 20 anos depois, sou pai.
Hoje, 20 anos depois, é muito complicado pra mim entrar num carro com meu marido pra longos trajetos sem nossa filha. Sempre... e sem exceção, sempre quando isso acontece fico tenso esperando algo de ruim acontecer e tenso com a possibilidade de deixa-la sozinha.
Eu pensei que tinha vivido meu “luto”, e que tinha “superado” essa tragédia da nossa família há 20 anos. Hoje, a vida tem me mostrado que apenas coloquei pra baixo do tapete todo medo, dor e revolta, e tudo isso só cresceu depois que minha filha chegou em minha vida.
Vivam seus lutos. Se puderem, façam terapia.
Quando vivemos tragédias desse tipo, as “feridas” ficam abertas e os “traumas” não vão embora sozinhos... eles ficam ali, só esperando uma “boa” ocasião pra tomarem conta do seu corpo/alma.
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